Hammamet acabou por cair nas mãos dos normandos no século XII (rei Roger II da Sicília), até ser recuperada pelos hafsidas, duas décadas depois. Foi, ainda, palco de combates entre turcos e espanhóis no século XV – batalhas nas quais interveio o célebre corsário Barba Ruiva –, alvo de ataques dos Cavaleiros de Malta, e ocupada pelos franceses, em 1881. Conta-se, no entanto, que esta última incursão teve um desfecho inesperado: o oficial responsável pelas tropas gaulesas deixou-se encantar pelo exotismo desta cidade magrebina, renunciou ao cargo, e lá viveu sua morte.
Nós em Hammamet:
Queríamos passar uma semana juntos, Paola, Luke, Paulo e eu, em um balneário de praia, para aproveitarmos o verão europeu e descansarmos.
Optamos por um pacote de viagem (adquirido com a Sunway) com sete noites no Vincci Nozha Beach (com sistema all inclusive), aéreo (Tunisair),
seguro viagem, transfer e assistência da agência no local, que custou menos de 500 euros por pessoa, a partir de Dublin.
Nosso voo pela Tunisair, que prestou um serviço normal e regular de qualquer outra companhia internacional, durou cerca de três horas e meia, partindo de Dublin para o aeroporto de Enfidha. Lá fomos recepcionados pela Kate, guia da Sunway, que nos conduziu, em ônibus turístico até Hammamet, cerca de 40 minutos de Enfidha.
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Paola e Luke |
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Eu e Paulo |
Chegamos no Resort por volta das 23:00 horas e estávamos exausto, mas apesar da hora, fomos encaminhados para o restaurante, o que já causou boa impressão a cerca do hotel, pois não esperávamos que o restaurante mantivesse o serviço nos aguardando. Em seguida fomos dormir, mas não antes de pegarmos nossas garrafas de água mineral. Em hipótese algum beba outra água que não a mineral engarrafada e, sendo assim, essa regra vale para frutas frescas e saladas, mas devo confessar que não resisti às frutas, damasco, ameixa, melancia tâmara... uma maravilhilha!!!
Nosso hotel era um quatro estrelas com serviço de all inclusive, quartos confortáveis, com varanda e vista lateral para o mar, mas não podemos deixar de considerar que estávamos na África e que, portanto, um quatro estrelas na Tunísia não pode ser comparado a um na Europa (lá, não recomendo hotel com padrão inferior a essa categoria)atividades de recreação e esportivas, piscinas e uma praia de areias finas com quiosques e espreguiçadeiras para uma total entrega ao ócio, nosso objetivo!
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Vista do nosso quarto |
Não recomendo o sistema all inclusive, mas sim o half board (meia pensão), Por receber, em sua maioria, turistas europeus, o hotel tenta adequar as refeições e snacks a este paladar, o que nos causou extrema decepção, pois pecam na qualidade e variedade. Os snacks eram sempre os mesmos, pizzas mal feitas e crepes, No almoço e no jantar (serviço de buffet), a comida deixava muito a desejar, mesmo quando serviam algumas opções de pratos típicos. O cardápio era repetitivo, sem tempero e notadamente, preparado sem nenhum capricho, na verdade parecendo um refeitório de acampamento. Eu que estava doida para comer um Tajine, prato tradicional do norte da África, acabei por comê-lo em Dublin. O café da manhã e as sobremesas, que não eram preparadas no hotel (tortas e doces árabes), eram o que se salvavam. Quanto as bebidas, eram servidas a vontade nos restaurantes e bares, porém os vinhos e whisky eram de fabricação tunisiana. Alguém já ouviu falar de whisky tunisiano? Bem, não é ruim, mas para apreciadores da bebida, é no mínimo decepcionante... o mesmo pode-se dizer dos vinhos, fracos e sem personalidade. No mais, refrigerantes, sucos artificiais, coquetéis ruins, água mineral e cafés de máquina. Enfim, no terceiro dia de all inclusive você já está de dieta...
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As frutas típicas... uma tentação |
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Tâmaras naturais... irresistíveis! |
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Os figos são bem maiores do que os nossos, verdes mesmo maduros. Deliciosos! |
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Torta de tâmaras |
Nos dois primeiros dias ficamos no Resort curtindo praia, piscina, relaxando. Fomos a Hammamet - Medina Velha, Yasmine-Hammamet e só a partir do terceiro, começamos a fazer algumas excursões.
Na tarde do dia seguinte a nossa chegada, depois de uma manhã de praia e piscina, fomos de taxi, a Medina Velha. A Kate já havia nos dado todas as dicas para pegarmos taxi, que é o melhor meio para se locomover nas áreas urbanas além de ser bem barato, basta se certificar que o taxímetro seja ligado ao entrar no veículo. É importante já ter uma ideia do preço a paga no percurso a ser feito. No nosso caso, sabíamos que não pagaríamos mais de 5 dinares, o equivalente a 5,85 reais. A viagem de taxi é no mínimo uma aventura... os motoristas andam a toda, sempre com o som altíssimo tocando os hits árabes, normalmente não falam inglês (você tem que se virar com o francês) e alguns carros tem uma ornamentação...
Kate também nos alertou que os taxistas tem comparssar que são avisados, por telefone, depois que deixam os passageiro e estes se aproximam nos cumprimentam, dizem que trabalham no nosso hotel (dão o nome do hotel), tudo para ganhar a confiança e tirar proveito de alguma forma. E posso garantir que nada disso é exagero, pois vivemos cada situação dessas, com a vantagem de já termos sido alertados.
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Paulo observando a ornamentação do taxi |
A Mesquita velha, construída em 904 a.C., é o atrativo mais importante de Hammamet e impressiona por seu estado de preservação, pelas cores e pela beleza. No interior está o souk (mercado), onde é vendido de tudo, passando pelo artesanato tunisiano, comidas, temperos, essências, tapeçaria etc. O passeio pelo souk, está longe de ser tranquilo, e já havíamos sido alertados pela Kate, nosso contato da agência de turismo. Os vendedores chegavam a nos agarrar pelo braço e puxar para dentro das lojas e assim faziam com todos os turistas. Se parássemos para olhar qualquer coisa... aí era aborrecimento certo, pois eles já chegavam dando o preço e ao mesmo tempo perguntando quanto queríamos pagar e perguntavam de onde éramos tentando adivinhas nos cumprimentando em todos os idiomas. A todo momento estão dando boas vindas nesse e naquele idioma e perguntando da onde viemos, mas se parássemos para responder já éramos arrastados para dentro de uma loja e bombardeados com mercadorias e preços e muita pertubação.
Para nós foi a primeira experiência, em mercados desse tipo e como a grande parte dos turistas, nos sentimos muito mal com o massacrante assédio. Entretanto, quando existe o real interesse em alguma mercadoria, deve-se barganhar exaustivamente, pois essa é a cultura local e o preço pode cair para menos da metade do valor inicial.
Muitas artigos chineses como camisas e bolsas de grife conhecidas estão por todo o mercado.
O artesanato é rico em cores e diversidade. Cerâmicas de todo tipo e de vários lugares da Tunísia, que se distinguem pelas core e desenhos; oficinas de confecção de tapeçaria, que estão por todo mercado, onde pode-se observar o artesão em seu ofício; azulejos pintados, peças em latão confeccionadas na frente das lojas; peças em madeira de oliveira; gaiolas e muito mais.
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A muralha pelo lado de fora da Medina |
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As tradicionais gaiolas |
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Mesquita |
Dentro da Medina, seguindo em direção à mesquita, no lado esquerdo logo antes de chegar à porta, pode-se ver algumas portas tipicamente decoradas, trata-se de um Hammam (vapor) e Gommam (gomagem), ou seja, o equivalente ao banho turco.
A maioria dos tunisianos, homens e mulheres, faz pelo menos um hammam por semana e, segundo eles, ajuda a se manter jovem. Um hammam e gommam, é um banho de vapor que dura aproximadamente 15 minutos, seguido de gomagem, normalmente feita com lama. Pode ser associado a uma massagem.
Os turistas têm várias opções para experimentar um hammam e gommam em Hammamet. Se você estiver disposto a pagar mais pelo conforto e conveniência, a maioria dos spas e hotéis oferecem pacotes, que usam os mesmos métodos tradicionais. Nestes spas, normalmente homens e mulheres banham-se juntos.
Alternativamente, se você quiser uma experiência um pouco mais tradicional, mas não está disposto o suficiente para tentar um Hammam local, você pode experimentar em Hammamet Yasmine, onde há um Hammam no piso superior da nova medina. Lá também é aceitável homens e mulheres banhar-se juntos, uma vez que visa a turistas.
Para uma experiência em um Hammam tradicional, você deve dirigir-se para a medina velha. Este é o lugar onde os homens e mulheres locais fazem seu seu hammam e gommam semanais, e é uma fração do preço dos Hammams turísticos nos hotéis e na medina de Yasmine (cerca de 10 dinar). Este Hammam não oferece banhos mistos, os homens podem ir na parte da manhã ou à noite, e as mulheres a tarde. Em todo caso, verifique as portas, uma porta aberta significa que o horário é para as mulheres e as duas abertas, para os homens. Neste Hammam não têm armários e não é fornecido toalhas, portanto, atente-se para levar sua própria toalha e não levar objetos de valor. Os homens usam short ou calção de banho e as mulheres podem ficar de topless.
Uma dica importante é fazer o hammam e gommam antes de pegar sol, pois eles esfregam pra valer!
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Hammam e Gommam - uma porta aberta, horário das mulheres |
Outro ponto muito interessante é o museu Dar Hammamet, dedicado aos trajes tradicionais de casamento das diferentes regiões do país.
A atração mais impressionante é sem dúvida, o castelo - kasbah, construído no século XV sobre um forte original do século XII, e de uma estrutura aglabita do século IX. Suas muralhas, com cerca de dois metros de espessura, testemunharam a importância de Hammamet no contexto histórico da Tunísia. Do castelo, pouco resta além das muralhas, mas de lá se tem uma vista de toda Hammamet.
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Subida para o castelo |
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Vista de Hammamet e suas montanhas |
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A praia vista do alto |
A vista do alto das muralhas é algo de tirar o fôlego! No final da tarde o sol refletido no Mediterrâneo é de uma beleza indescritível. A vista das casas brancas com suas varandas debruçadas no mar, faz parecer que se está em Santorini.
Não deixe de fazer um passeio a beira mar, contornando as muralhas da Medina, além de muito agradável você vai desfrutar de uma vista maravilhosa. á no final, poderá ver um cemitério árabe, antes de deparar coma zona residencial, cujas habitações possuem varandas abertas para o Mediterrâneo e terraços coloridos por jasmins, gerânios e rosas.
No outro dia, a tarde, fomos para Yasmine-Hammamet, que fica a 15 minutos de táxi e não custa mais de 8 dinares. No caminho podemos observar como vive a população, seu estilo simples, a arquitetura mourisca com sacadas e varandas fechadas com treliças, portas exuberantes e coloridas, mesquitas, o comércio para a população, buganvílias e gerânios colorindo as casas brancas e os muros e muitas oliveiras por toda parte.
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Mesquita no caminho para Yasmine |
Yasmine-Hammamet é uma estância balneária com a maior infraestrutura turística da região. Rede hoteleira, marina com capacidade para mais de setecentas embarcações, centros de talassoterapia e de desportos náuticos, bares, restaurantes, discotecas e muito mais, além de se distar apenas 5 km dos campos de golfe Citrus e Magic Life Yasmine (ambos com 18 buracos).
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Entrada de restaurante |
A laranja maltês, fruta com um vermelho forte por dentro, está por toda parte. O produto é exportado e e está fortemente associado a Tunísia.
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Restaurantes |
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Marina |
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Lojas em Yasmine |
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Alamedas na marina de Yasmine |
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Eu e minha filhota Paola - a responsável por esta deliciosa viagem à Tunísia |
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Os hotéis ficam ao longo da via principal e cada um é mais lindo que o outro. |
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Passeio de charrete por Yasmine |
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Os apartamentos a beira mar |
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Marina |
Além da praia banhada de águas cálidas do Mediterrâneo, as maiores atrações de Yasmine-Hammamet são o Carthage Land, um parque de diversões onde são explorados, de forma lúdica, as gerras entre Cartago e Roma - guerras púnicas, parte da história do país, e a Medina Mediterrânea, cidade-museu idealizada por Adelwahed Ben.
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Paola com vendador de colar jasmim em frente ao Carthage Land |
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Os elefantes de Anibal no Carthage Land |
A Medina ocupa cerca de cinco hectares, assemelhando-se na sua estrutura a um autêntico burgo árabe quinhentista. Dentro do complexo há vários restaurantes, cinemas, um hotel e um centro de convenções.
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Entrada principal da Medina |
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Entrada da Medina |
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Torre da Medina |
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Restaurantes em outra entrada da Medina |
Não esqueça que uma vez na medina, sofrerá o assédio dos vendedores! Por vezes cheguei a desistir de comprar por conta de tanta chateação dos vendedores.
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Rua da Medina |
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Artesão trabalhando |
Pode-se passear por Yasmine a pé ou em exóticas charretes.
Em Yasmine, é fácil encontrar berberes, principalmente na medina e perto da marina, oferecendo passeio de camelo, mas não esqueça de negociar o preço antes e nem pense em fotografar os animais sem antes perguntar quanto custa. Também existem exploradores de outros animais do deserto, como falcões e filhotes de lobos oferecendo-os para fotos.
Nós aproveitamos a oportunidade para saber como é andar num camelo... andar não é nada de mais, mas quando ele levanta e quando desce a sensação é de ser arremessada longe e se não se segurar pra valer, vai mesmo!
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Paola foi primeiro e me preveniu dos solavancos ao levantar e abaixar. |
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A descida é assustadora! |
Retornamos mais uma vez em Yasmine para jantar em um dos restaurantes típicos da Medina, mas nossa escolha não foi muito feliz e saímos, de certa forma, frustrados e decepcionados com a comida.
Yasmine-Hammamet é um lugar delicioso para passear e ver gente, mas como descrevi é um polo turístico e como tal, muito artificial. Por isso, se você prefere um lugar mais tranquilo, porém perto da agitação turística, se prefere uma convivência mais próxima do povo nativo, fique em Hammamet. Para nós foi perfeito!
Veja também:
http://bragaspelomundo.blogspot.com.br/2012/03/tunisia-um-calidoscopio-de-culturas.html
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