Partimos em uma excursão contratada com a Kate, nosso contato da Sunway na Tunísia, com destino a Kairouan. A van, com guia falando inglês, nos pegou as 8:00 horas no saguão do Vincci Nozha Beach , em Hammamet, e cerca de 2 horas e meia depois chegamos a essa Cidade sagrada para os muçulmanos, após passarmos por Monastir e El Djam.
Ao longo da viagem, cruzamos com imensas plantações de oliveiras e pudemos também apreciar a Cordilheira Atlas. Foi um dia cansativo, mas valeu cada minuto!
Ao longo da viagem, cruzamos com imensas plantações de oliveiras e pudemos também apreciar a Cordilheira Atlas. Foi um dia cansativo, mas valeu cada minuto!
Kairouan, conhecida como "a cidade das 50 mesquitas", está localizada a cerca de 160 km ao sul de Túnis, e é capital da província de mesmo nome.
Fundada em 670 pelo general árabe Uqba ibn Nafi, que a partir dali organizava os ataques aos berberes, conquistando o Magrebe (norte da África) e disseminando o islamismo e a cultura árabe.
A Cidade floresceu e gozou de grande prosperidade sob a dinastia Aghlabid nos séculos IX e X, época dourada da civilização árabe-islâmica, tornando-se o centro de uma das civilizações mais brilhantes.
Kairouan, era capital no século XI e famosa por sua prosperidade, mas em meados daquele século, os beduínos egípcios invadiram aquela parte da África e em 1057 a cidade foi completamente destruída, jamais recuperando sua importância. Com a chegada dos otomanos no século XII, Túnis tornou-se a capital da região, mas apesar da transferência da capital política, Kairouan permaneceu como a principal cidade do Magrebe, com os seus treze séculos de cultura islâmica. Os franceses tomaram Kairouan em 1881, quando então os não-muçulmanos tiveram acesso à cidade.
Kairouan é a "Capital espiritual da Tunísia", a mais importante cidade do islã no Norte da África e a quarta principal, depois de Meca e Medina, ambas na Arábia Saudita, e Jerusalém, em Israel. Também detém o título de quarta cidade construída pelos muçulmanos, depois de Al Basra, Koufa Al e Al Foustat. Foi inscrita pela UNESCO em 1988 na lista dos locais que são Patrimônios da Humanidade e três monumentos da cidade fazem parte desta relação: A Grande Mesquita, a Cisterna dos Aglábidas e a Mesquita das Três Portas.
As muralhas que delimitam a medina foram reconstruídas diversas vezes desde sua construção original em 761. As restaurações recentes datam do século 17. As paredes medem 3,8 km de comprimento e 8m de altura e tem inúmeras portas de entrada.
Bandeira da Tunísia, no alto da muralha |
Grandes obras foram realizadas durante a dinastia que governou prosperamente até 909, como os Bassins dos Aglabitas (Cisternas de Aglabitas) – 15 depósitos de água foram construídos no ano de 852, na entrada da cidade a fim de abastecê-la. A água era captada a 36 quilômetros e trazida até as bacias por aquedutos. Hoje a água é coletada das precipitações de inverno.
Bassins dos Aglabitas |
Bassins dos Aglabitas |
Bacias de Sidi Youssef Dahmani |
Bacias de Sidi Youssef Dahmani |
Depois de conhecer essa obra incrível, fomos conhecer a Mesquita mais importante do ocidente. Sempre é bom lembrar que, como a maioria das cidades do interior, Kairouan é conservadora para os padrões ocidentais e as visitas às mesquitas devem ser cercadas de cuidado redobrado. Roupas discretas, cabelos presos, calças compridas para os homens e saias longas para as mulheres são boa idéia em qualquer época do ano. Entretanto, na entrada das mesquitas, os visitantes devem colocar uma túnica, caso as vestes não estejam apropriadas segundo a tradição islâmica.
A Grande Mesquita ou Mesquita de Sidi Uqba, construída em 670, foi a primeira Mesquita do norte da África, tendo, desde logo, atraído sábios e pensadores à cidade, que fizeram da Mesquita um centro de estudos e educação do pensamento islâmico e das ciências. Eles criaram uma Universidade e seu papel pode ser comparado a Universidade de Paris, na Idade Média. Com o declínio de Kairouan em meados do século 11, o centro de pensamento intelectual mudou-se para a Universidade de Ez-Zitouna em Túnis.
Entrada para sala de oração, colunas do pórtico e cúpula principal |
Mandada construir pelo general Oqba Bin Nafi, foi destruída em 688 durante uma rebelião. Por duas ocasiões a Mesquita de Uqba foi reconstruída, em 836 e 862, quando ganhou seu aspecto atual. É um dos raros edifícios do Islã que mantém sua forma original há tantos séculos. Espalha-se por uma superfície de 9 mil metros quadrados e seu perímetro é de 405 metros. Este espaço contém uma vasta sala de oração (hipóstila), um pátio e um enorme minarete quadrado.
A sala de oração tem inscrições fenícias, romanas e árabes, dezessete naves sustentadas por 414 colunas de mármore pórfiro trazidas da Cidade Estado de Cartago e de monumentos romanos, é iluminada por candelabros e forrada com tapetes que cobrem também a base das colunas.
Sala de oração |
Sala de oração |
Minarete |
Porta do Minarete |
Seis portas laterais dão acessos ao pátio retangular de dimensões impressionantes e ladeado por uma galeria de belos arcos duplos apoiados em colunas de mármore, granito e pórfiro, que foram retirados os monumentos antigos (principalmente Cartago). Perto do centro do pátio, há um bueiro e um velho relógio que indica o calendário de orações diárias. O bueiro filtra a água antes de descarrega-la para uma grande cisterna sob o piso do pátio.
Pátio |
Classificada como Patrimônio da Humanidade, a Mesquita preserva intocadas as suas 136 colunas de mármore de Carrara, que sustentam os arcos dos claustros, assim como as que suportam os interiores, recuperadas de monumentos púnicos (Cartago) e romanos. Por serem de lugares diferentes, as colunas são diferentes entre si, algumas necessitando de suporte para serem niveladas as outras.
Colunas do pórtico - é interessante observar a diferença entre elas. |
Arcos duplos do pórtico |
As impressionantes colunas trazidas de Cartago e de monumentos romanos. |
A imensa colunata que circunda o pátio interno não tem sequer uma coluna idêntica a outra, cada uma delas de períodos e material diferentes. |
Trata-se de um dos locais mais antigos de culto no mundo islâmico, sendo um importante destino de peregrinação para os muçulmanos. Segundo nosso guia nessa excursão, sete viagens a Kairouan equivalem a uma para Meca. Muitos muçulmanos africanos não têm condições de fazer a viagem a Meca, como manda o Alcorão.
Foi também um modelo para todas as Mesquitas que surgiram depois no Magrebe, além de seu prestígio espiritual, a Mesquita de Uqba é uma das obras primas da arquitetura e da arte islâmica. É uma visita imperdível e impressionante por sua dimensão histórica.
Os muçulmanos podem entrar na Mesquita por nove portões diferentes, mas os visitantes utilizam o potão principal e devem vestir uma túnica apropriada em sinal de respeito - é proibido entrar de short ou bermuda curta e de camiseta. Também é vetado ao visitante não-muçulmano a entrada no salão de oração, podendo circular somente no pátio e no pórtico, desde que não seja em horários de reza. Nós, como os outros visitantes pudemos admirar e fotografar o salão de oração pelo lado de fora da porta.
O mausoléu fica sob a cúpula |
Pátio, Minarete e, ao fundo, o salão para oração |
As paredes revestidas de azulejos pintados |
Pátio |
Também conhecida como Mausoléu do Barbeiro ou Abu Zam’a al Balawi, a Mesquita do Barbeiro é outro local de grande importância e peregrinação para os muçulmanos do Norte de África. Segundo a lenda, foi sepultado no Mausoléu da Mesquita, Abu Zama el Belaoui, um companheiro de Maomé que teria transportado até sua morte três pêlos da barba do Profeta. Consta que este amigo do profeta chegou com os primeiros árabes à região, tendo morrido no campo de batalha, em 654.
Além da tumba, o complexo agrega ainda uma mesquita, uma escola e um funduq (albergue) para acolher os peregrinos, exibindo um conjunto de claustros com trabalhos refinados em estuque e cerâmica.
Mihrab - é um nicho em forma de abside na sala de orações de toda mesquita que indica a direção da cidade de Meca. |
A Mesquita das Três Portas ou Mesquita Ibn Khayroun, outra parada importante para os peregrinos muçulmanos, foi construída em 866 por Mohamed Ibn El Khayroun Maafiri e é um dos raros edifícios que manteve sua arquitetura original até hoje, fazendo parte da lista de Patrimônios da Humanidade.
O interior não pode ser visitado por não-muçulmanos, mas seu principal atrativo é a elaborada fachada de pedra esculpida, as três portas que dão nome à Mesquita e remontam ao período Aghlabid (800-906) e os dois frisos com inscrições Kufic, que datam de 1440.
Fachada com as três portas que dão nome à Medina |
Frisos com inscrições Kufic |
omo seria de esperar, existem outros mausoléus dispersos pela cidade santa, mas Kairouan, além de centro de fé, é também uma cidade plena de tradições, onde se podem encontrar talvez os mais belos tapetes do país, mas este assunto será abordado em um post específico.
Veja também:
http://bragaspelomundo.blogspot.com.br/2012/03/tunisia-um-calidoscopio-de-culturas.html
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