Art nouveau ou Arte nova, foi um estilo estético essencialmente de design e arquitetura que também influenciou o mundo das artes plásticas.
Até fins do século XIX, a arquitetura baseou-se no historicismo, fortemente influenciada pelas antigas tradições clássicas. Insistindo em remodelar as velhas fórmulas, arquitetos produziam uma arquitetura desprovida de qualquer originalidade, repetindo formas e conceitos extremamente presos à cultura artística tradicional que vigorava até então.
Por volta de 1890, com o grande avanço da industrialização e consequente descoberta de novos materiais (como o ferro e o vidro, principais elementos dos edifícios que passaram a ser construídos segundo a nova estética) e métodos de construção, além dos avanços tecnológicos na área gráfica, como a técnica da litografia colorida que teve grande influência nos cartazes, tem início uma insatisfação com essa atmosfera eclética que tornava a arquitetura sujeita aos estilos históricos e aos preconceitos do passado.
Artistas de todo o mundo ansiavam por uma arquitetura renovada, que acompanhasse os progressos da ciência de seu tempo.
Dentro deste contexto, não somente a arquitetura, mas a cultura artística em geral é reavaliada no sentido de ampliar o campo tradicional das artes, baseando-se na moderna concepção do mundo que estava cada vez mais evidente. Mesmo os pintores mais estreitamente relacionados com o estilo, Toulouse-Lautrec, Pierre Bonnard, Gustav Klimt, criaram cartazes e objetos de decoração memoráveis. O Art Nouveau modernizou o design editorial, a tipografia e o design de marcas comerciais, além de se destacar pelo desenvolvimento dos cartazes modernos. O estilo também revolucionou o design de moda, o uso dos tecidos e o mobiliário, assim como o design de vasos e lamparinas Tiffany, artigos de vidro Lalique e estampas Liberty City.
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Luminária Louis Comfort Tiffany |
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Luminária Louis Comfort Tiffany |
Nasce então, como consequência dessa crise, uma nova forma de criar, descendente de jovens artistas que colocam em prática um novo estilo original com idéias, formas e experiências audaciosas e cada vez mais distantes do velho repertório das escolas.
A
Art Nouveau, como foi chamado esse novo estilo, nasce então como o conjunto de vanguardas descendentes desse anseio pela novidade artística e conceitual, alcançada nas mais diversas áreas da arte e em diferentes lugares do mundo. Tanto na pintura, na arquitetura, no design ou em qualquer outra forma de produção da arte, o novo estilo é caracterizado por esse espírito de inovação, encarando a cultura artística em seu conjunto, e não mais em partes separadas.
Com certa ausência de excessos e maior exposição da razão dos materiais utilizados, o
Art Nouveau foi inspirado no movimento inglês
Arts and Crafts (artes e ofícios) – que já havia então restabelecido o valor do artesanato e do trabalho artístico – mas dispunha de novas formas e desenhos diferenciados que se inseriam dentro de uma produção industrial.
Na tentativa de transformar as artes industriais decorativas, o
Art Nouveau traz também o ornamento sob uma visão diferente da que existia até então, de forma que o ornamento não só completa a estrutura, mas faz parte do objeto ao invés de estar somado a ele. Além do abandono dos estilos históricos, a tentativa de inserção da arte na vida cotidiana e a organização estrutural de acordo com a função são outras características comuns do movimento, que alguns autores chegam a considerar um dos primeiros passos rumo à arte moderna.
Em contraponto à duração relativamente curta dessa nova arte – apenas 15 anos – muitos de seus preceitos se incorporaram aos movimentos de vanguarda seguintes. Em meio a essa renovação das artes disseminada por todo o mundo, se destacaram artistas como Victor Horta, Henry van de Velde, Viollet le Duc, Otto Wagner, Adolf Loos – muitas vezes dando continuidade à linha de pensamento do inglês Morris (arts and crafts) ou às experiências francesas de Perret e Garnier.
“
Todos os historiadores estão de acordo em constatar que o movimento europeu para a renovação das artes aplicadas nasce na Bélgica antes do que em qualquer outra parte, entre 1892 e 1894, e nasce ex abrupto, com a Casa Tassel de Horta em Bruxelas e a decoração de Van de Velde para sua casa em Uccle... Essas obras parecem não ter nenhum precedente, e os elementos do novo estilo, que será chamado de art nouveau, já surgem perfeita e coerentemente elaborados” (Historia da Arquitetura Moderna, LEONARDO BENEVOLO, pg 273)
Precursores do art nouveau na Bélgica, os jovens artistas Victor Horta e Henry van de Velde e suas experimentações são de suma importância para a compreensão do movimento e suas principais características. Suas contribuições, deram início a uma nova linguagem que fora disseminada mundo afora.
Como já foi ressaltado, o
Art Nouveau possui o caráter de cultura de vanguarda e, portanto, muitas vezes não segue uma linha única de pensamento e/ou produção, podendo ser avaliado de forma distinta em cada local que se desenvolve. Além disso, o movimento atrai a personalidade do artista para as questões artísticas de modo muito mais sério do que no passado, o que contribui para as diferenças teóricas e práticas entre eles. Por fim, a confusão de tendências e fontes indiretas que podem ter influenciado o
Art Nouveau completa a lista de fatores que justificam esse relativo distanciamento entre o estilo de um artista e outro, embora muitas características se enquadrem na descrição do estilo como um todo.
Nessas condições, até mesmo experiências realizadas na mesma região – como é o caso dos artistas belgas Horta e Van de Velde – podem possuir características distintas, o que muitas vezes impede que suas obras sejam analisadas de forma conjunta.
Victor Horta (1861-1947) nasceu em Gand, Bélgica, onde iniciou seus estudos na Academia de Gand, terminando-os na Academia de Bruxelas em 1881. Logo depois, trabalhou no estúdio de Alphonse Balat, quando construiu suas primeiras obras.
Após passar um período (de 1885 a 1892) apenas escrevendo, o artista construiu, em 1892, uma das obras mais importantes para a difusão do
Art Nouveau: a
casa Tassel na Rua Turin, em Bruxelas.
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Casa Tassel |
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Interior da casa Tassel |
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Casa Tassel |
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Casa Tassel |
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Casa Tassel |
A casa marca o surgimento do estilo no campo da arquitetura, realizando plenamente os ideais do movimento pela primeira vez em termos arquitetônicos. Em 2000, a casa Tassel foi proclamada Patrimônio Mundial da UNESCO, em conjunto com outras três construções de Horta,
a Solvay Hôtel (Avenida Louise, 224) o Hôtel van Eetvelde (projetado em 1895 e fica na Avenida Palmerston, 4), e a Maison Horta, (de 1898, rua Américaine, 25), que tornou-se o Museu da Horta.
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Solvay Hôtel |
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Solvay Hôtel |
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Solvay Hôtel |
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Solvay Hôtel |
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Hôtel van Eetvelde |
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Hôtel van Eetvelde |
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Hôtel van Eetvelde |
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Hôtel van Eetvelde |
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Maison du Peuple |
Em 1913, foi nomeado presidente da Academia de Bruxelas, tornando-se mais tarde barão Horta.
Henry Clemens van de Velde nasceu em Antuérpia, Bélgica, em 1863. Iniciou sua atividade criadora como pintor, sob a influência das tendências neo-impressionistas. Por volta de 1890, em sintonia com as idéias do inglês William Morris, passou a dedicar-se ao desenho industrial, com a intenção de aplicar ao dia-a-dia suas concepções estéticas.
Preconizou suas artes aplicadas primeiro em sua terra natal, a Bélgica. Em 1896, realizou em Paris uma exposição de móveis que, com suas linhas onduladas e seus motivos orgânicos, foram fundamentais para difundir o A
rt Nouveau na França. No ano seguinte, com uma exposição em Dresden, chegou à Alemanha.
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Cadeira projetada para casa Bloemenwerf em 1895 |
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Serviço de jantar, em porcelana e prata, desenhado por Van de Velde |
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Escadaria do Sanatório de Trzebiechów |
No arranjo que propõe para a casa
Bloemenwert, sua casa em Uccle, em 1897, Van de Velde firma-se pela primeira vez na decoração, ao mesmo tempo que começa sua atividade como teórico e propagandista.
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Casa Bloemenwert |
A partir de 1902, torna-se conselheiro do Duque de Weimar – fundando a Escola de Artes e Ofícios de Weimar 4 anos depois – e é chamado para dirigir o Weimar Kunstgewerblicher Institut, que tornaria-se a Bauhaus de Gropius no pós-guerra.
Foi também um dos fundadores do Deutsche Werkbund (Associação Alemã de Ofícios), além de ter fundado também em Bruxelas, em 1927, o Institut Supérieur des Arts Décoratifs de la Cambre (no qual se formaram os mais importantes arquitetos belgas), antes de mudar-se para a Suíça, em 1947.
Entre as obras de Van de Velde, contam-se a decoração interior do
Museu Folkwang em Hagen (Alemanha, 1900-1902), a
casa Hohenhof na mesma cidade (1909), o
teatro para a Exposição da Werkbund de Colônia (1914) e o
Museu Kröller-Müller em Otterloo, Holanda (1921). Desenhou igualmente ilustrações para livros e encadernações, assim como móveis, candeeiros, objetos de prata, estampados e cartazes, redigindo diversos ensaios sobre teoria da arte, entre eles "Do Novo Estilo" (1907).
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Mobiliário |
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Porta Rosa |
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Cartaz da sopa Tropon |
Ainda hoje, Bruxelas se orgulha de contar um grande número de construções
Art Nouveau, apesar de inúmeras demolições que ocorreram desde o fim da Segunda Guerra Mundial até o final dos anos sessenta.
No Brasil
Foi no início do século XX que o art nouveau chegou ao Brasil, importado da França, principalmente na decoração de interiores ou em grades e elementos arquitetônicos de ferro forjado. São testemunhos disso, no Rio de Janeiro, a
decoração da Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves Dias nº 32, e as
grades dos salões do Teatro Municipal.
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Confeitaria Colombo |
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Confeitaria Colombo |
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As grades dos salões do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em Art Nouveau |
Teve fundamental participação na divulgação e realização da art nouveau o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Um dos maiores nomes desse estilo, no Brasil, é o artista Eliseu Visconti, pioneiro do design no País.
Na década de 1910, chegou ao Rio o arquiteto italiano Virgilio Virzi, que projetou em neogótico com ornamentos art nouveau o prédio do
Elixir de Nogueira, na rua da Glória (demolido), a
residência Martinelli, na avenida Oswaldo Cruz nº 149 (demolida), e uma casa na rua do Russel nº 734. Em São Paulo, a
Vila Penteado (1902) foi projetada por Carlos Eckman em típico estilo art nouveau francês.
Veja também:
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Atomium, um símbolo da capital da Europa
Nota: Todas as imagens desse post foram buscadas na internet. Serão imediatamente retiradas do blog, caso algum autor assim deseje.
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