O povo tunisiano é resultado, em
grande parte, da mistura dos elementos árabe e berbere com outros povos
mediterrâneos que se fixaram no litoral do país. O idioma oficial da Tunísia é
o árabe, mas falam-se também línguas berberes e o francês. A religião muçulmana,
professada por quase toda a população.
Nabeul é uma das cidades mais
antigas do Mediterrâneo, tendo sido conhecida na antiguidade por Neapolis
(“cidade nova”, em grego). Fundada no século V a.C., foi evocada pelo grande
historiador grego, Tucídides, como um dos palcos da guerra do Peloponeso, pois
teria servido de escala aos gregos de Cyrene, em conflito com a Sicília.
Como todas as cidades situadas em
pontos estratégicos da costa tunisiana, Nabeul tem para contar inúmeras
histórias de disputas aguerridas.
Conquistada por Agatocles em
consequência da queda e destruição de Cartago, e ao contrário do que aconteceu
com a capital do império fenício, foi poupada pelo guerreiro. E, apesar de
reduzida a cidade tributária, conheceu um longo período de prosperidade nas
mãos dos romanos, sob o nome de Julia Neapolis.
A ocupação vândala do Norte de
África, em 493, e dos bizantinos, no século VI, veio pôr fim a este período de
crescimento, pelo que, quando os árabes recuperaram, em 674, a região de Cap
Bon, acabaram por fundar uma nova povoação – Ksar (forte) Nabeul, no lugar da
já completamente arruinada Neapolis.
A edificação árabe fazia parte de
uma série de fortificações levantadas para proteger o litoral contra os
frequentes ataques dos inimigos, o que não terá impedido, no entanto, a
ocupação da cidade, em 1148, por Roger II da Sicília (posteriormente
recuperada).
No que respeita aos vestígios do
assentamento romano – escavados nos anos 60 do século XX – podemos encontrá-los
a apenas dois quilómetros do centro de Nabeul. Deixam a descoberto uma
importante casa romano-africana, cujo piso é revestido por um belíssimo
mosaico, datado do século IV, que exibe motivos geométricos e cenas
figurativas: Pégaso na fonte, As bodas de Belléphoron e Poséidon e Chrysès,
entre outros.
Perto do mar foi ainda descoberto
um complexo artesanal destinado ao fabrico de garum, condimento feito à base de
peixe muito apreciado pelos romanos; vestígios de algumas calçadas; um pequeno
santuário e a “casa das ninfas”.
Dada a profusão de vestígios da
Antiguidade na região, foi criado um Museu Arqueológico Regional. Situa-se no
centro da cidade, no interior de um jardim, perto da emblemática praça da
“Jarra”. Nabeul, Kelibia, Kerkouane, Bouargoub, Korba e Bir Drassen constituem
as principais escavações apresentadas ao público, num museu de pequenas
dimensões, que expõe, ainda assim, alguns dos mais belos mosaicos da Tunísia
(embora aí se encontrem igualmente admiráveis obras de cerâmica do período
púnico, bem como monumentos funerários e outros artefatos da época romana).
A atual Nabeul cresceu em redor
da fortificação original aglabita do século IX e de uma mesquita, atualmente
transformada em casa particular. Séculos mais tarde, a criação de novos souks
(consequência da afluência de artesãos provenientes de todo o país e também dos
andaluzes, expulsos de Espanha) teve lugar em torno de uma nova construção
religiosa – a Jemâa al-Kébir, ou Grande Mesquita – e a Medina foi, a pouco e
pouco, tomando a sua sinuosa configuração atual.
Multicultural e dinâmica, mas
tranquila. É assim a cidade de Nabeul, ex-colônia romana, e capital
administrativa de Cap Bom, na região costeira do nordeste da Tunísia. Seu nome
é uma forma arabizada do grego Neapolis 'nova cidade' (uma etimologia que
compartilha com Nápoles, Neapoli e Nablus).
Banhada por um Mediterrâneo morno
e dócil e equipada com a infraestrutura hoteleira pioneira da região exibe o
charme irresistível das cidades que souberam crescer sem nunca perder a
genuinidade. Ao longo da praia há excelentes hotéis onde poderá desfrutar de um
excelente sol ou praticar diferentes atividades aquáticas.
A cidade é um destino turístico
popular e o principal centro da indústria de cerâmica da Tunísia. Também é uma
importante produtora de perfumes e na agricultura sobressai, principalmente, com
a produção de frutas cítricas, flores e vinho.
Estávamos em Hammamet e tiramos
uma manhã de sexta-feira para conhecer o famoso mercado de Nabeul. Fomos de taxi
e, logicamente já sabíamos o valor que pagaríamos pelos 13 km percorridos.
Comentei em outro poste sobre o problema com taxistas tunisianos.
Entrada do Souk |
Percorrer o souk (mercado) na rua
principal é inevitavelmente um passeio imperdível, mas deve-se estar preparado
para a intensa e feroz abordagem dos comerciantes, conforme também já comentei.
Estar atento à bolsa e carteira é um cuidado necessário. O volume de pessoas
locais e turistas é enorme e a confusão é total, o que facilita os furtos, o
que quase aconteceu com minha filha. Abriram sua bolsa, mas por sorte não
conseguiram tirar a carteira.
Dos dois lados da avenida pedonal
estão dispostas lojas com um universo inesgotável de produtos artesanais: fabulosas
esteiras e cestas de junco, joias em prata e tecidos bordados à mão, em fio de
algodão ou seda, peças de cerâmica colorida, cobre cinzelado, narguilés de
todos os tamanhos e feitios, tapetes, frascos e copos em vidro, artigos em
couros, as famosas “rosas do deserto”, uma grande variedade de perfumes, trabalhos
em madeira de oliveira etc.
Nabeul é famosa pela sua
criatividade na produção de cerâmica (olaria). Os artesãos fazem ainda as
delícias do visitante com algumas das oficinas onde trabalham funcionando no
centro da cidade em edifícios térreos, permitindo a quem passa apreciar o
processo de fabrico de muitos dos artigos à venda no souk.
Confesso que tive que me
controlar, pois a beleza das cores e materiais é quase irresistível. Comprei
apenas algumas peças de cerâmica!
Toda sextas-feiras se realiza o
maior e mais tradicional mercado do país e tradicionalmente conhecido pelo
comércio de camelos. Aí se respira uma
atmosfera bem mais autêntica e, de certo modo, anacrónica: roupas, tapetes,
legumes, frutos, especiarias, sacos de amêndoas e nozes e, como o nome do
mercado sugere, até camelos, convivem numa amálgama de cores e odores, animados
pelas longas e ruidosas negociações que precedem cada transação.
Alternativa igualmente atraente
consiste em partir à descoberta de ruazinhas estreitas perfumadas a jasmim,
rosa e laranjeira – flores utilizadas pelas destilarias da Medina para o
fabrico de óleos essenciais – da cidade antiga.
A Medina reserva sempre algumas
surpresas, entre as quais o Espaço Khayati, um projeto original, em vias de
implementação, que visa promover o convívio entre os habitantes de Nabeul e
seus visitantes. O espaço encontra-se instalado no coração da cidade antiga, no
interior de uma mansão pertencente a uma família de notáveis da cidade. A sua arquitetura
neo-mourisca foi merecedora de um minucioso trabalho de restauro, que não só
respeitou por completo o antigo traço, como transmite a mítica arte de viver
tunisiana. O complexo compreende um museu de artes e tradições da região, com
uma secção notável de olaria utilitária e artística da Nabeul da primeira
metade do século XX, bordados e trajes de casamento. Possui ainda uma livraria,
uma galeria de arte e uma loja de exposição e venda de produtos artesanais.
Eu e Paulo encantados com as peças de cerâmica |
Outras presenças interessantes no
Espaço Khayati são a Boutique FELLA – pertencente à primeira designer de moda
tunisiana, Samia Ben Khalifa – e o café mouro, onde se pode assistir a
concertos de música tradicional, acompanhados de chá de menta com pinhões ou
café turco. Um pequeno apontamento de charme numa cidade que, embora
cosmopolita, sempre soube como preservar a sua cultura e estilo de vida
remotos.
O festival de flor de laranjeira
é realizado todos os anos em Abril.
Nunca fui, mas "conhecia" Nabeul pela sua famosa flor de laranjeira!!! Fiquei ainda mais interessada com toda essa cerâmica, vontade de trazer aqui para casa!!!
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