Após a Guerrade
1812, com o fim da aliança entre os britânicos e os nativos americanos a leste
do Rio Mississippi, assentadores
brancos tornaram-se mais determinados a colonizar terras indígenas além do
Mississippi.
Na década de 1830, o governo federal
deportou forçadamente tribos nativas americanas do Sul do país para regiões
menos férteis no Oeste. Durante a metade do século XIX, esta tendência de
obrigar os nativos americanos a mudar-se de terras consideradas
"valiosas" pelo governo federal, para regiões mais isoladas,
continuou a ser implementada pelo governo federal.
Parque Estadual Trail of Tears (Trilha das Lágrimas) de Missouri era o local onde o nativos em deslocamento passavam o inverno - Imagem UOL Viagem |
Em 1830 o
Congresso americano aprovou o Ato de Remoção Indígena, que autorizava o
Presidente americano a negociar tratados que trocavam terras indígenas nos
Estados do Leste americano por terras a oeste do Rio Mississippi. Em 1834, um território voltado
especialmente para a alocação de diferentes grupos indígenas do Leste
americano, foi criado. Este território, o Território Indígena, é o atual
Estado americano de Oklahoma. No total, tribos nativas americanas assinaram 94
tratados cedendo milhares de quilômetros quadrados de terras ao governo dos
Estados Unidos e do dia para a noite, milhares
de homens e mulheres, das mais diferentes idades e culturas, se viram obrigados
a realizar um deslocamento de mais de 1.500 quilômetros rumo a um futuro
completamente incerto.
Entre o começo do século XVIII e os primeiros anos do
XX, praticamente toda a posse das terras dos Estados Unidos foi transferida dos
Índios para os brancos. Esse processo, ao longo da história, foi compreendido
de duas formas: a primeira pressupõe que essa mudança se deu a partir de
transações consensuais; a outra atribui o trâmite a uma conquista violenta.
Entre 1828 e 1838, mais de 80 mil indígenas foram removidos do Leste para o
Oeste.
A “Trilha ou Caminho das Lágrimas” foi
o nome dado pelos nativos às
viagens de recolocações ou
migrações forçadas.
A
referência à "Trilha das Lágrimas" foi retirada de uma mera
entrevista, concedida por um dos chefes indígenas da tribo dos Choctaw ao
jornal "Arkansas Gazette". A expressão entrou, vergonhosamente, para
a história dos EUA, quando o “pele vermelha”, ao ser questionado sobre o
processo de remoção de seu povo para a região de Little Rock, em conformidade à
política imposta pelo governo norte-americano, respondeu que o deslocamento
havia sido uma “trilha de lágrimas e morte”.
É
sabido que o processo de expansão territorial dos Estados Unidos, especialmente
o período correspondente à conquista do Oeste, no século XIX, foi marcado pela
grande violência sofrida por populações indígenas que habitavam as regiões
cobiçadas pelos brancos. Nesse contexto, a trilha a que o chefe Choctaw se
referiu foi apenas um dos atos de extrema crueldade impingidos pelo governo
federal, em nome da “democracia” desejada por aqueles que se consideravam
superiores e com autoridade para cometer tais atrocidades.
Foi um sofrimento brutal para os nativos e vários morreram durante as viagens e acampamentos. Estima-se que, da tribo Cherokee que tinha uma população de 15.000, vieram a falecer cerca de 4.000 índios.
Pintura Loisiana Indians Walking Alone a Bayou de Alfred Boisseau de 1846, faz referência a remoção dos Choctaw - Imagem wikipedia |
Foi um sofrimento brutal para os nativos e vários morreram durante as viagens e acampamentos. Estima-se que, da tribo Cherokee que tinha uma população de 15.000, vieram a falecer cerca de 4.000 índios.
Os Cherokees, tinham por direito a propriedade de terras no oeste da Carolina do Norte e da Geórgia devido a um tratado estabelecido em 1791, mas foram expulsos de suas terras quando uma facção Cherokee assinou o Tratado de New Echota, um ato que autorizava oficialmente a mudança forçada de todos os índios na região para terras no Oeste. Apesar de protestos dos Cherokee e de vários americanos brancos que suportavam os indígenas, eles foram forçados a realizarem a longa e cruel viagem em direção ao Território Indígena em 1838.
Imagem Tex Willer Blog |
Centenas de
escravos e afro-americanos libertos que viviam com os índios foram obrigados a acompanhá-los
nas remoções pela Trilha.
Em 1830, as nações Cherokee, Chickasaw, Choctaw, Creek e Seminole, chamada por alguns de "As
Cinco Tribos Civilizadas", viviam com autonomia política e deveriam ser
considerados americanos do sul. O processo de "transformação
cultural" proposto por George
Washington e Henry Knox,
já ocorria com muita força, principalmente entre os Cherokees e os Choctaw.
Representação de nativos das cinco tribos indígenas civilizadas Imagem wikipedia |
Andrew Jackson foi
o primeiro presidente americano a de fato implementar uma mudança desse tipo
com a aprovação da Lei de 1830, o "Indian Removal Act". Em
1831 a tribo Choctaw inaugurou a remoção e com isso foi criado o modelo
aplicado às demais. Depois dos Choctaw foi a vez dos Seminole (1832), dos
Creeks (1834), Chickasaw (1837) e finalmente os Cherokee (1838).
As rotas seguidas pelas tribos durante as remoções Imagem wikipedia |
A nação Choctaw ou
Chacta vivia no que atualmente são os estados americanos de Alabama, Mississippi e Lousiana. Depois de uma série de
tratados iniciados em 1801, os territórios dos índios estavam reduzidos a
45.000 Km². O Tratado de Dancing Rabbit Creek cedeu à União os antigos
territórios selvagens. O Tratado foi ratificado em 1831.
Lewis Cass, Secretário da Guerra, foi indicado por George Gaines para
gerenciar a remoção. Gaines decidiu que a remoção se daria em três fases, de
1831 a 1833: A primeira começou em 1 de novembro de 1831 com os grupos sendo
reunidos em Memphis e
Vicksburg. Inicialmente os índios Choctaws foram transportados em carroções,
mas as nevascas do inverno dificultaram esse procedimento. Com a diminuição da
comida, os moradores de Vicksburg e Memphis ajudaram e conseguiram cinco barcos
a vapor (o Walter Scott, o Brandywine, o Reindeer, o Talma e o Cleopatra). O
grupo de Memphis viajou pelo Arkansas por 95 km, entretanto, com a
temperatura abaixando e os rios congelando, a viagem parou por semanas e a teve
que ser racionada. Quarenta carroções do governo foram enviados à Arkansas Post
e levaram os nativos para Little Rock. Foi ao chegar a esse local que o chefe Thomas
Harkins ou Nitikechi disse ao jornal Arkansas
Gazette que a remoção fora
uma "trail of tears and death" (uma trilha de lágrimas e
morte).
O grupo de
Vicksburg teve um guia incompetente e se perdeu nos pântanos do Lake Providence.
Cerca de 15.000 Choctaws foram
para o "Território Indígena". Entre 2.500 e 6.000 índios morreram
durante a remoção. De 5.000 a 6.000 Choctaws permaneceram no Mississippi em 1831.
Os Choctaws que escolheram ficar foram objeto de intimidação legal e
perseguição. Os índios tiveram suas casas derrubadas ou queimadas e o gado
debandado.
O filósofo francês Alexis de Tocqueville que testemunhou a remoção Choctaw em Memphis, em 1831, relatou:
“Pairava no ar um sentimento de ruína e
destruição, o fim dos atraiçoados e um inexorável "adieu"; ninguém
poderia assistir aquilo sem sentir um aperto no coração. Os índios estavam
quietos, sombrios e taciturnos. A um deles que falava inglês eu perguntei
porque os Chactas estavam deixando suas terras. "Para ser livre," o
nativo me respondeu. Nós... assistíamos era a expulsão .. de um dos mais famosos
e antigos povos americanos.”
Alexis de Tocqueville |
A Flórida foi adquirida pelo governo americano
após o Tratado de Adams-Onís firmado
com os espanhóis, tornando-se uma possessão em
1821. Em 1832 os Seminoles, nativos da região, foram chamados para um encontro
em Payne's Landing no Rio Oklawaba, onde
seria negociado o tratado da remoção dos índios para o Oeste. Eles
deveriam ficar nas reservas Creek.
Os Seminoles
pertenceram à tribo Creek originalmente, mas depois se separaram, sendo então
considerados desertores pelos Creek. Devido a isso eles não queriam se mudar
para o Oeste, pois certamente entrariam em conflito com sua antiga tribo.
A delegação de sete
caciques que deveria inspecionar a nova reserva não deixaria a Flórida até
outubro de 1832. Depois de percorrer a área e contatar os Creeks, os chefes
assinaram o documento em 28 de março de 1833, aceitando as novas terras. Porém,
ao retornarem à Flórida, muitos deles negaram o documento, dizendo que não o
haviam assinado ou foram forçados a fazê-lo.
Os nativos da área
do Rio Apalachicola acabaram sendo persuadidos e se foram para o Oeste em 1834. Em 28 de dezembro de 1835 um
grupo de Seminoles e escravos fugidos emboscaram uma companhia do exército
americano que tentava forçar a remoção dos Seminoles resistentes. De 110
militares apenas três sobreviveram, o que deu início a Segunda Guerra Seminole.
A Flórida começou a se preparar para a guerra. A milícia de
St. Augustine pediu ao Departamento da Guerra 500 mosquetes emprestados e quinhentos
voluntários foram reunidos pelo Brigadeiro General Richard K. Call. Os
guerreiros índios percorreram fazendas e povoados, obrigando as famílias a
fugirem para as cercanias dos fortes, cidades maiores ou saírem do território.
O líder guerreiro Osceola atacou
um trem de suprimentos, matando oito dos guardas da milícia e ferindo seis
outros. A maior parte dos suprimentos foi recuperada pela milícia após uma
luta, dias depois. Plantações de cana na costa sul do Atlântico, em St.
Augustine foram destruídas e os escravos se juntaram aos Seminoles.
Os líderes guerreiros Halleck Tustenuggee, Jumper e os
Seminoles negros Abraham e John Horse prolongaram a resistência nativa e enfrentaram
o exército. A guerra terminou dez anos depois de iniciada, em 1842. O governo
americano estimou ter gastado 20.000.000 de dólares com o conflito, uma soma
astronômica para a época. Muitos índios foram forçados ao exílio para as terras Creek, ao Oeste do
Mississippi; outros ficaram isolados nos Everglades.
No fim, o governo desistiu de perseguir os cerca de 100 Seminoles que ficaram
nos Everglades, deixando-os em paz.
Depois da Guerra de
1812, alguns líderes Muscogee como William Mclntosh assinaram tratados que cediam terras
na Geórgia. Em 1814, com o Tratado do Fort Jackson, a Nação Creek seria
dividida em facções, bem como todas as tribos do Sul.
Líderes Creeks amigáveis aos colonos americanos tais como
Selocta o Grande Guerreiro, apelaram pela manutenção da paz ao presidente Andrew
Jackson. Jackson endureceu as negociações com os resistentes e ignorou partes
do Tratado de Ghent que beneficiavam as nações indígenas.
Em 12 de fevereiro de 1825, contrariando muitos nativos,
McIntosh e outros chefes assinaram o Tratado de Indian Springs, que cedeu a
maioria das terras Creek remanescentes na Georgia. Após o Senado americano
ratificar o tratado, McIntosh foi assassinado em 13 de maio de 1825, por
Menawa, um líder Creek.
O conselho Creek, liderado por Opothle Yohola, protestou junto ao
governo americano, chamando o tratado de fraudulento. O presidente John Quincy
Adams concordou em tornar nulo o
tratado e um novo acordo foi assinado, o Tratado de Washington, em 1826.
Entretanto, o governador Troup da Georgia ignorou o novo
documento e começou a pressionar os índios para que deixassem as terras. De
início, o presidente Adams interveio com tropas federais, mas o governador
chamou a milícia. Adams, temendo uma guerra civil, cedeu.
Forçados a sair da Georgia, os Creeks foram para o território
Indígena. Cerca de 20.000 nativos dessa tribo permaneciam no Alabama. Então
houve uma mudança da lei que obrigava os índios a se submeterem as regras do
estado. Opothle Yohola apelou ao presidente Andrew Jackson por proteção no
estado, sem sucesso. Então foi assinado o Tratado de Cusseta em 24 de março de
1832, que dividiu as terras Creek em assentamentos individuais. Com o tratado os Creeks poderiam
vender seus assentamentos e conseguir dinheiro, inclusive para se mudarem para
o Oeste. Especuladores de terras e aproveitadores começaram a expulsar os
índios e a violência levou a chamada "Guerra Creek de 1836". O
Secretário da Guerra Lewis Cass enviou
o general Winfield Scott para
colocar termo ao conflito e forçar a remoção dos índios para o Território
Indígena ao Oeste do Rio Mississippi.
A partir da década
de 1850, com toda a região dos 48 Estados contíguos nas mãos dos Estados
Unidos, o governo federal passou a mover forçadamente tribos nativas americanas
para pequenas reservas indígenas. No final da década de 1880, todas as tribos do
país estavam confinadas dentro de reservas indígenas.
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