Na beira da estrada para Quarzazate, as colunas do tempo se erguem com
Ait-Ben-Haddou, uma das povoações mais bem conservadas em toda a região. Aït-Ben-Haddou é
uma cidade fortificada, ou ksar (alcácer),
na região de Souss-Massa-Drâa, na antiga rota de caravanas entre
o Saara e Marrakesh. Situa-se numa colina do sopé do Alto Atlas, à
beira do rio Ounila.
A cidade é constituída por um grupo de várias pequenas fortalezas, ou casbás (kasbahs), chegando a ter dez metros
de altura cada uma. A maioria dos habitantes da cidade vive agora numa aldeia
mais moderna, no outro lado do rio.
Sua preservação se deu em parte pelo interesse que a indústria
cinematográfica lhe dedicou a partir do início dos anos sessenta, quando David
Lean realizou ali algumas cenas de Lawrence
da Arábia, e a UNESCO deu ao povoado o título de Patrimônio Mundial, em
1987.
Outras produções mais recentes, como A Múmia, de Stephen Sommers; Gladiador, de Ridley Scott; Alexandre, de Oliver Stone; e Príncipe da Pérsia, de Mike Newell, também tiveram diversas
cenas rodadas em Ait-Ben-Haddou.
Além das histórias modernas entorno do Cinema, há muito mais a ser desvendados
em suas paredes de tijolos de terra. O sistema defensivo de muralhas, que fazem
corpo com as casas servia contra os ataques dos nômades. Os ksar serviam tanto para abrigarem
os habitantes, como também os animais, as colheitas e as caravanas que vinham
do Tafilalet, zona do Saara, para o centro comercial em Marrakesh.
Tudo começou como a casa de uma única família que com o crescimento da
população, ganhou novos espaços. Ksar foi fundada em 757, como um dos pontos da
antiga rota de caravanas entre o Saara e Marrakesh. O túmulo do seu fundador,
Ben-Haddou, se mantém preservado na base da colina, por trás da povoação.
Este ponto sempre foi uma encruzilhada estratégica, tendo em conta as
rotas das caravanas que ligavam os mercados no norte de África com Tombuctu,
nas margens do Níger, “três mil quilômetros a sul e a cinquenta e dois dias de
viagem”.
Os souks (mercados)
de artesanato e as imensas torres de barro vermelho que se erguem a cada
esquina, criam um universo místico. Apenas os filhos da terra conhecem os
caminhos de entrada e saída entre suas vielas empoeiradas.
O tipo de arquitetura de terra do vilarejo é semelhante ao de outros ksar. Os edifícios são construídos
com tijolos de terra secos ao sol, que podem ter quatro ou cinco andares, não
mais que seis ou sete, e as torres são sempre decoradas com motivos
geométricos, particularmente as dos tighremts, as casas mais nobres, por assim
dizer. Uma vez por ano, após a estação das chuvas, ksar passa por minuciosa inspeção
para verificar as fissuras e os canais de drenagem da água.
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